são muitos fótons
ardendo em minha retina.
tão magnífica aparição
que até esqueço das dores
insistentes em meus dedos mutiles.
talvez não se lembre
de como veio parar aqui,
ou estranhe a paridade
entre o meu esguicho vascular
e seus lábios escarlates.
antes em você nada havia.
não passava de uma atraente
folha nua aguardando meu riscar.
como um maestro, entre cortes
profundos te esbocei. eis que te fiz.
quando houve o primeiro
bater de pálpebras, me disse para
não te prender na parede.
hílare engano seu, já não estava mais
em dois planos, personificou-se.
é provável que saia quando ver
quão belos são os prismas,
que vá correndo entre libélulas,
que sambe em rodas tropicais,
que nem ao menos olhe para trás.
ao fortuito criador restará ser
expectador de sua exuberância,
estancar os fluídos, fechar os olhos,
esperando o dia em que essa
explosão de luz se sinta toda sua.
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