Aos Desiludidos
Tudo o que me compunha, tudo o que eu fui e o que sou,
Foi questionado em alguns dias e perdi a razão de existência.
Não tenho pelo que lutar, não tenho nada, nem decência
Para voltar ou continuar, pelo ralo meu sonho escoou...
Como uma marionete que para o show continua, apenas existo,
Mas existo de um jeito vazio, incompleto e até erros que não tenho
Agora eu admito ter, ou, pelo menos eu não os via do jeito ferrenho
Como deveria ver; sofro agora, só que internamente, como sofreu Cristo.
Sinto-me como um texto sujo e pobre o qual deveria ser reescrito!
Sinto que todos aceitam minha presença por mera pena.
Eu me sinto assim comigo mesmo, como alguém que vive e encena
Apenas para não morrer, mas continuar vivo é quase maldito...
Eu perdi o anseio sublime de sentir coisas novas, de viver novamente...
Não é algo temporário, pois vivi sempre a tentar preencher o nada
Que tomou conta da minha essência. Tentei ir alto e caí da escada
Quando próximo ao céu, senti o inferno de quem sente...
Quanto ópio provei, quanta fuga da tediosa realidade!
Eu pensei que tinha um jardim magnífico dentro de mim para oferecer, mas não me regaram!
Eu aceitei todos os termos, por mais injustos que fossem e ainda assim me negaram
Uma porta para o amor, os sonhos, os encantos, a eternidade...
Quanto amei, ou pensava assim e agora experimento o supremo tédio
De quem quer voltar ao seu tempo de glória e ouro,
Mesmo sabendo que poderia ser mentira. Um falso sentimento ainda seria um tesouro
Para quem nunca teve expectativas e para quem nunca teve uma cura ou remédio...
Por que? Por que ó! Misericordioso Deus? Por que não me mata?
Se sou como um anônimo para mim mesmo e para os outros, um ninguém,
Por que devo existir? Por que devo enxergar e caminhar além
Se o peso do mundo é tão árduo, se a realidade é tão ingrata!?
Estou vazio como um castelo em ruínas... Bate por bater o coração...
Perdi tudo, mesmo que o tudo fossem migalhas, um amargo resto...
Queria dar tanto amor e hoje o mundo me diz: "Te detesto!"
Sinto-me um nada... E a existência, para mim, perdeu a razão...
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