Tem horas estranhas
em que não me encontro,
me desloco de tudo
e só o que percebo
é algo a gritar em mim
ensurdecedor e estridente.

um grito que abafa qualquer voz,
não ouço mais cachoeiras
nem aviões a romper o som,
sequer músicas. nada.
perco-me nessa imensa confusão
me deixo levar por silencioso estrondo

e ao reecontrar-me
nem ao menos percebo onde estive
enquanto tão ausente fora.
só me incorrem os gritos tortos
que ninguém mais ouviu
todos euxaridos, surdos. E eu.

ausente