O lago !

 

Não precisa dizer mais nada,
Já vejo tudo que és nos teus 
olhos meigos e profundos,
entregue a mim pelo  acaso e pela sua singularidade,
 
Posso até me ver através de você, eu,
fixando o mesmo ponto espelhado,
cultivando meros gestos,
 
E em tudo que é consecutivo finca em mim
o desejo pelo mistério da sua existência,
pela questão que és, 
 
Nua nesses versos, pilar da ponte de tédio que
também me une a ti,
Talvez unir-se seja simplesmente não cultuar nada 
 
e aguardar que os minutos se sucedam com a 
contemplação lírica do agora,
seus máximos e disposições.
 
Alegar valores torna-se aos poucos o de praxe
se não me policio, 
e o que é de praxe sei que não almejas.
 
Se me ver ao cómodo do comum não se embruteça,
não se esqueça do que parecia ser,
fixe teus olhos transparentes no meu que lembrarei o que
 
a princípio perseguia, luz de estrelas, "ser cósmico
nutrindo-se de poeira estrelar".
 
A analogia é bem melhor para me referir,
não vejo sínteses precisas sobre espaços vagos 
ou muito cheios,
 
sintetiza-la seria manipular algo que desconheço para
minha súbita satisfação de poder, de controlar minha 
admiração para não me ferir.
 
E se a escrita, a arte, nos permitir o eterno, então,
pois bem Jeni que seja eterna aqui enquanto dure
e depois também, pela sua eloquência e nada mais !
 
E o lago? O lago é só paisagem.
E o lago? O lago somos nos mesmos, grandes e profundos,
escuros e belos, embebidos pelo próprio fel no ápice das
complexidades à procura da cura e da cura não obstante 
só temos nos mesmos fluindo de um para o outro 
"antídotos e virtudes", até que algo se iluda ou até....
Até mais, passe bem !