Como é doce a minha morte
Um doce mergulhar no nada intenso
Sentir distante o aroma do incenso
E não mais a dor da carência
Das minhas mãos estendidas
E ninguém que se importe
Ou que viva

Como é doce a vida
Que vem depois da morte
Com a lenta escuridão da noite
O farfalhar das asas densas do abutre
E  as nuvens negras sobre a carne viva
Com a fome que tem guarida na vida
Ou na morte

Sentir pulsar a vida, dos vermes que devoram
A carne que então serve de comida e ninho
Neste intante interminável caminho
Da morte enquanto vivo, como toda a profecia
Não chama, vejo apenas a luz, da chama fria

Alexandre Montalvan
© Todos os direitos reservados