Eu pedi pra chover, mas nem tanto
Minha plantação, morta e alagada
Corações submersos. Tudo é um pranto
Nos olhos de uma cidade inundada

Rezei pra deus e para o meu santo
Pedi para irrigar a terra queimada
Renascer os jardins, fortificar o canto
De passaredos mudos por esta estiada.

Mas senhor foi demais, meu desejo afogado
Cabeças de gado pastam em direção a morte
No mar de tuas águas, ausentes de sorte

Suplico aos céus, ao meu anjo amado
Em poesia da terra, na rima de verso forte
Parai esta chuva e afaste-a para o norte

 

Murilo Celani Servo
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