NUVENS NORDESTINAS
Nazaré, 18-08-1968
Hoje é uma linda noite. Um foguete pipocou no ar.
O céu cheio de nuvens semelhantes a ilhas.
Parece um mapa.
A lua se esconde e tudo escurece,
As nuvens se assemelham
Às terras secas e quebradas
Dos sertões nordestinos.
Agora elas se separam
Cada vez mais... e mais.
Vão se desintegrando,
Deixando o domínio para a lua.
Neste momento, o céu é uma paisagem.
A lua clareia o infinito
Que se torna azul escuro,
Azul puro dos oceanos.
O azul do céu que é um oceano,
Vão invadindo as nuvens que são as ilhas.
O bravo e pacifico oceano
Vão destruindo as ilhas que também são resistentes,
Bravas, fortes e pacíficas.
Agora, o oceano afundou algumas ilhas.
As que restaram se uniram
Formando uma grande ilha,
Com a forma de uma baleia.
E a baleia era viva.
E por ser viva, espirrou seu jato d’água
E molhou a terra.
Era chuva para os nordestinos
E eu acompanhei tudo
Do meu posto de observação.
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