Essa é a história de dois irmãos: O coração e a Razão.
Alguns meses atrás, o Coração adoeceu e a Razão preocupada tentou socorrer e é ela quem nos conta essa dramática história.
CARTA DA RAZÃO
"A última coisa que lembro, era que estava na sala fazendo companhia para o meu irmão Coração. Passamos a vida inteira juntos e apesar de sermos gêmeos, sempre fomos muito diferentes.
O Coração agia muito pelo impulso. Na escola, na hora do recreio, sempre tinham aquelas rodinhas de amigos formadas e o Coração ia logo se enturmar.
Ele nunca se perguntava quem eram aquelas pessoas. Quando eu via, ele já estava no meio da turma.
Quando ele, me chamava eu nunca ia de primeira. Pensava primeiro quem poderiam ser aquelas pessoas, o que elas me trariam de bom ou se eu ia crescer com elas.
A vida toda foi assim. O coração pelo impulso, pela emoção e eu muito séria e sempre serena ia pela consciência, observando as atitudes de cada pessoa.
Sempre muito cautelosa e precavida, nunca tropecei nas pedras que a vida colocava na minha frente. Já meu irmão, ia arrastando tudo o que via, sem medir consequências dos seus atos.
Perdi as contas de quantas vezes, eu tive que socorrer Coração quando ele tropeçava e caia nessas aventuras da vida. Muitas confusões poderiam ter sido evitadas, devido ao comportamento impulsivo que lhe cabia, mas acredito que por me ter por perto ele continuava a fazer sempre tudo de novo e do mesmo jeito.
Eu sempre muito responsável, não ia dxar o Coração na mão, além de ser meu único irmão, sempre foi meu companheiro.
A gente podia não concordar em muitas coisas. Podíamos não entender o ponto de vista um do outro. Algumas vezes, ficávamos sem nos falar por causa da teimosia dele, mas ainda sim nunca o desamparei em seus erros.
De um tempo para cá, o meu querido irmão, Coração adoeceu.
O dia mais grave foi, quando ao meu lado na sala, ele caiu no chão sem falar nada. Como sei o qto ele é muito brincalhão, eu pedi para que se levantasse e ele não respondeu.
Eu como sempre, muito séria e racional não dei ibope para mais uma de suas brincadeiras, mas levantei-me e fui até ele. Ao chegar perto, vi que não respirava.
Verifiquei o seu pulso e nada. Tentei massagem cardíaca e ele não respondeu.
Liguei para a emrgência e Coração foi levado para o hospital.
Na ambulância, eu me perguntava o que havia acontecido, mas não encontrava respostas. Aflita, cheguei junto com ele ao hospital e os enfermeiro não me autorizaram entrar na emergência, me dxando do lado de fora em uma sala de espera.
Sentei, bebi água e fiquei aflita esperando por notícias.
Uma hora depois, o médico veio conversar comigo.
- A senhora, é dana Razão, irmã de Coração?
- Sim, sou eu doutor. O que está havendo?
- Dona Razão, ultimamente tem visto seu irmão quieto, calado ou agindo de forma estranha?
Eu parei, pensei e de fato ele estava muito estranho nos últimos meses, mas nada que eu me preocupasse a ponto de tomar esse susto.
- Doutor, nada que eu saiba de grave, pq?
- Dona Razão, o Coração, está todo cortado. Ele está dilacerado e em algumas partes ele está despedaçado.
Ao ouvir isso do doutor, tomei um susto.
Meu Deus, o que teria acontecido ao meu pobre irmão? E pq ele não disse nada? Ou será que eu, quem não vi nada?
Comecei a chorar compulsivamente. O doutor, meu deu mais um copo de água e continuei.
- Doutor, o que o senhor acha que é isso?
- Eu não tenho dúvidas, dona Razão, mas isso é uma doença chamada: AMOR !
Amor????? Mas como poderia ser amor? Tudo bem que o Coração era impulsivo, mas amor? Não era típico do Coração.
Que ele não valia nada eu já estava careca de saber, estava sempre aprontando com as paixões e casos passageiros, mas o amor? Impossível.
Sem acreditar, eu pedi para que o doutor repetisse.
- Dona Razão, ele está doente sim. O amor é uma doença que ainda não tem cura. Ela chega, toma conta de tudo e pode adoecer como aconteceu no caso de seu irmão. Existem muitos relatos no mundo, que o amor tenha causado destruição, mas não podemos generalizar, afinal o amor é só o amor.
- Doutor, e agora? Se essa doença não tem cura, o que podemos fazer?
- Ele está em coma, dona Razão. Em coma por causa do Amor. Não sabemos, qto tempo ele ficará assim, adormecido, mas o que podemos fazer é limpar seus ferimentos, para que cicatrizem e esperar que acorde para entrar em um tratatmento severo para se libertar do amor.
O que eu achava estranho, era que Coração nunca tinha me dito absolutamente nada sobre essa doença que estava se manifestando nele e eu só me perguntava o pq.
- Posso vê-lo?
- Claro
O médico, me levou para o cti, onde meu irmão estava. Chegando lá dentro, muitos monitores estavam acoplados em seu corpo e eu comecei a chorar
"Oh meu irmão, pq não me falou nada sobre o que estava acontecendo? Pq me escondeu que estava doente de amor? Eu poderia ter te ajudado. Ter te salvado. Agora, vc está ae e eu nada posso fazer. Pq?"
Me sentia imensamente culpada, por ele estar naquela situação, afinal eu que tenho que protegê-lo das armadilhas da vida. Eu que tenho que alertá-lo das doenças como o amor e a paixão.
Eu estava me sentindo péssima. Ele respirava com a ajuda de aparalhos, não respondia a nenhum de meus sinais e eu pela primeira vez, fiquei com medo de perdê-lo.
Sai do cti e fui até uma pequena igreja e cá estou Senhor, pedindo sua ajuda e misericórida para que salve meu irmão Coração dessa doença chamada amor.
Que cure suas feridas e que possa trazê-lo de volta, afinal ele é tão novo, tendo apenas 25 anos e tantas coisas pra viver.Por favor, meu bom Senhor, peço por mim e não por ele, pq sei que saindo dessa ele vai aprontar de novo !Mas ficarei de olho, sem perder nada de vista.
Ao voltar para o hopital, sentei na salinha novamente e aguardei por noticias. Não demorou muito para o médico voltasse
- Dona Razão, o coração apresentou um sinal de melhora, deseja vê-lo?
Corri para dentro do cti novamente e lá estava ele.
-Fale com ele e responderá. - Disse o médico
Apertei sua mão e disse que estava ali, com um aperto fraco, muito fraco ele revidou, me dando a certeza que estava ciente de não estar sozinho.
Eu agradeci e saindo do cti, voltei à igreja para agradecer pelo pouco que havia acontecido.
Sei que tenho um longo caminho pela frente, de espera e coragem, mas o caminho maior é de meu irmão Coração de superação, força e garra para sair dessa doença que o contaminou chamada AMOR !
FIM
Escrito por: Monique Machado
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