Vivia livre pelo céu
Com amigos a brincar
Até que alguém muito cruel
Ousou me aprisionar
Com panos pela grade
Nada pude ver
Para mim já era tarde
Mas não para você
Quando chegou
O pano foi levantado
Com carinho me olhou
Fui então levado
Podendo agora ver
Mas não sair
Vejo outros sem saber
O que há de vir
Passando em barulhento lugar
Não pude fugir
Como livre quero estar
E para casa ir
Chegando em desconhecido
Parecendo outra prisão
Cansado, entristecido
Com dor no coração
Me colocou na janela
Em pequeno cativeiro
Chorando olhei pra ela
Se virou, foi ao banheiro
Cabisbaixo, me voltei
Para abertura da janela
E ao longe observei
A criatura mais bela
De mim se aproximou
Com sorriso estampado
Aos sussurros me chamou
Mas não sai, estou trancado
De raiva me debati
Contra a fina prisão
Mas logo desisti
Era um esforço vão
Os dias se passando
Eu tão angustiado
Sempre me alimentando
Porém sempre trancado
Hoje não mais canto
Por ser tanto sofrimento
Esperando com espanto
A morte já faz tempo.
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