Engana-se quem, ingênuo, imagina
Que para o amor basta o coração,
Em riste extremo, em dilaceração,
Teima da alma que nunca se amofina.
 
Logo a desgraça breve descortina,
Árida de zelos, rica em lição,
Areia movediça, via de uma mão:
Dano infinito traduzido em sina.
 
O flébil amor entregue no embrulho,
Envolto em sedas por bem mãos cuidadas,
Solta vincos no ânimo qual vergasta,
 
Pois embebe-se na taça do orgulho;
E na vertigem vai a ânsia açodada,
Sobra o ácido que silente desgasta.
 
 

Este poema explora o equívoco de quem ama sustentado apenas nos arroubos da alma e não se preocupa com as demais variáveis de uma relação. O amor em si não é suficiente para sustentar-se. Há de se manter uma postura zelosa em relação à pessoa amada e despir-se de sentimentos mesquinhos.
Elias neri
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