era uma noite fria ,

uma sala,

que sala parecia:

sala de delegacia.

 

era uma mãe

uma filha,

três filhos,

um pai.

 

seu delegado;

um agente soldado;

papai tava algemado?

mamãe chorava

e o maninho gritaria.

 

la fora, a chuva caia

não sei porque razões ?

mas só raiva eu sentia.

 

sentia muito .

como sentia

por que tudo aquilo acontecia?

 

correntes a cadeados

um homem fora amarrado.

acoites;

chicotes;

cabelos acoitados.

arrancados.

 

vermelhos,

olhos,

muitos olhos

lacrimejados.

 

minutos,

horas...

e horas;

e horas;

e horas;

e dias....

 

se foram,

e vão.

meu pão

meu café.

a pão e água,

e fé

em Deus

a fé.

 

do homem da mulher,

do filho

que era eu

filho plebleu.

da pleble nasceu.

 

meu irmão, coitado.

quase nascia encarcerado

e foi assim.

sem flores

sem jardim.

 

sem forças;

 chorei.

quantas veses chorei

a poesia chorou comigo

parceiro, sendo o poema meu amigo.

 

ainda posso me lembrar

queria uma bola pra brincar

sem campo pra jogar.

 

meu pesadelo de infâcia

não acabou

que era eu criança;

que era eu sonhador;

 

que eu era silêncio,

pensador

ainda sou.

 

peixe no anzol

que  via os raios de sol

pela janela definida.

o tamanho da vida.

 

sem luto,

eu luto

para que este silêncio,

silencie pra sempre,

sem fim

as recordações do pesadelo que tenho em mim

dentro.

fora  de mim

fora

fora assim.

 

                                                                      Palmas To,28  de Novembro de 2010.