Quando te conheci.

 
 


 
Quando te conheci, assim meio distante,
meu peito bateu ofegante, pôr afastado de ti estar.
De forma branda e paciente, fui te enamorar,
se pouco a pouco percebi teus encantos, teus sapatos,
o coque de teus cabelos, o entorno de teus joelhos,
e mais , o brilho incandescente de teu olhar.
Mais ainda acabava por me apaixonar.

Todos os mistérios se reservavam em ti,
o tudo se encerrava em ti,
a Senhora de muitas explicações,
aquela que se esconde de forma sutil
por detrás das cortinas sedosas,
tecidas com raríssimos fios de verdades,
e o brilho ofuscante das tuas vontades
crescia a cada livro, a cada pensamento,
a cada resposta, e a próxima verdade destruía
de forma cabal a anterior.

Então envelheceste rapidamente,
assim como o verão se vai a tua beleza partiu,
não mais me causava amor, nem encanto, nem paixão,
um fascínio coberto por tristezas, um amargor,
uma tristeza, tristeza de te conhecer,
de ser possuidor de alguns de seus mistérios,
 
Não mais me engana, não espero mais
que tragas a mim as soluções do mundo,
não confio a ti o salvo conduto da humanidade,
me aborreço apenas por ter me apresentado o Homem,
este Homem na sua forma mais crua e simples,
esta simplicidade devidamente protegida
por complexos raciocínios e bondades franciscanas.
 
És tu a História a ciência do desencanto,
quanto mais conhecemos a ti,
mais amamos a poucos, ao passo que
outros tantos nos causam profunda melancolia.




 
 

Kosby
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