UMA JANELA NO TEMPO

                         UMA JANELA NO TEMPO
 
 
 
           Justina engoliu seco ante a expectativa da discussão que se desenhava, ela gostaria que o tempo parasse ante a paranóia dos transeuntes que infestavam a Av. Paulista àquela hora. Com desdém de quem nada quer eu virei o olhar rumo ao horizonte e vi abrir-se uma minúscula janela que logo jorrou no meio  das nuvens pétalas de rosas de todas as cores e tonalidades pudessem imaginar a nossa mente. Por um momento, pensei estar sonhando no anteparo das alguras do destino, sim, eu que passara ao últimos anos atravessando crises continuas e com inacabáveis problemas , via-me  uma vez somente, após imaginar ultimamente se um ciclo seria sete ou dez anos ou se aquilo perpetuaria indefinidamente pelo resto da minha existência e, não obtive resposta. Justina voltou a falar e, encontrou-me disperso em pensamentos e conjecturas e, com o olhar firme naquela parte do céu onde a janela jorrava flores, rosas e agora destilava o  perfume da primavera... Não sei porque a crença que temos a qual sempre nos induz  ao principio da felicidade, eu aguardava que de lá, longe das contemplações  humanas pudesse surgir o amor em forma de mulher transportada por anjos alados e a mim entregasse sem reservas a companheira, o amor da minha vida e a derradeira felicidade pudesse eu sorver como se fosse o ar puro, fértil e perfumado da vida e que se chamasse amor...
          Entrementes, além das montanhas celestiais e atravessando os mares da Bahia dos martírios eu pude ver a tua beleza desnuda, caminhando por aquela praia deserta entre pássaros migrantes e pequenos caranguejos, como se desfilasse para grande platéia, que não pudesse aplaudir ou se comunicar, nem tampouco reclamar porque o lixo fora parar ali, naquele paraíso inexpugnável em um insólito verão em um lugar apenas imaginável e como tinhas tu apenas dezoito anos e eu beirasse os vinte nde uma idade que se nos consumiu o corpo  mais que conservou a alma em todo o encanto e beleza que um furtivo desejo possa então ensejar...
               Mais  a janela no tempo se fechou, os meus olhos se abriram e pude ver que o céu nublava e chuvas anunciavam ao longo pelos relâmpagos que descortinavam o céu e os ventos que açoitavam o mar, mais um encanto surge na praia, você imergindo sobre as ondas me chama e tenho medo, não vou e tudo pareceu mais um sonho em Justina enxuga a minha fronte e diz: chega, vamos para casa. Então caminhamos de volta ao lar, mais não te demores querida, vem para ficar ou leva-me de vez contigo se sou teu verdadeiro amor... 
Airton Gondim Feitosa

AIRTON GONDIM FEITOSA
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