Sou uma anônima desconhecida,
E por muitos sou condenada!
Sem conhecerem a minha historia,
Pela sociedade estou sendo julgada!
Ainda antes que eu nascesse,
Pelo meu pai eu fui rejeitada!
Queria que mamãe me matasse,
Porque um filho ele não aceitava!
Minha mãe iludida na vida,
Pra longe de seus pais foi levada.
Como poderia ela voltar?
Por ser analfabeta nem trabalho encontrava!
Uma cidade grande e desconhecida,
Agora grávida e desamparada.
O que ela poderia deixar...
Pra esta filha que esperava?
A rua era a nossa família,
Um viaduto a nossa morada.
O cimento era nosso colchão,
E os jornais que nos esquentava.
Com os restos de quem comia,
Deles nós nos alimentava!
O mais importante que eu tinha,
Era a mãe que eu tanto amava.
Me lembro que o dia das crianças,
Por nós nunca foi comemorado.
Em busca de um presentinho,
Com 12 anos, este dia ficou marcado.
Todas as tardinhas eu via,
Com o alimento mamãe voltando,
Mal eu sabia que naquele dia...
Pra sempre eu fiquei esperando.
A mamãe nunca mais a vi,
E foi por outros que fiquei sabendo,
Atropelada por um caminhão,
Minha mãe acabou falecendo.
Sem eu ter pra onde ir,
O meu corpo estou vendendo.
Em um prostibulo da cidade,
Pra mim continuar sobrevivendo.
Igual a todas as adolescestes,
Também tenho o direito em sonhar...
Em um dia poder amar e ser amada,
E minha família também formar.
Mas pior de que uma mercadoria...
Só pagam é pra me usar!
Depois esquecem que eu existo,
E eu novamente fico só...a penar.
Sem o direito de ir á escola,
Em brincar e participar de lazer.
Muitos homens carrascos e nojentos,
Em troca do pão, comprar de mim o prazer.
Um filho eu fiquei esperando,
Sem o direito de escolher com quem...
Não conheço quem é o pai,
Fico então desamparada a sofrer.
Quando meu filho nasceu,
Senti grandes sentimentos de AMOR.
Ser mãe é a melhor coisa do mundo,
Que logo se transformou em dor.
Tiraram o filho dos meus braços!!!
Isso não se faz! Seja pra quem for!!!
Sou uma jovem, por muitos maltratada,
E também descriminada pela minha cor.
Nunca mais tive noticias dele,
E nem mesmo consegui esquecer.
Meu filho não sei aonde andas,
Peço a Deus a ele proteger.
Queria muito uma dia abraçar-lo
Ou pelo menos eu pudesse ver.
Ele é um pedaço de mim...
É o meu sonho... o meu viver.
O que esperar desse meu filho,
De que forma ele será educado!
Qual será o trabalho ou a morada?
Desse Ser Humano desorientado.
Como evitar que cometa crimes?
Ou que um dia seja drogado...
Esta é a historia do meu filho querido,
É aquele menino, menor abandonado.
Clairton Buffon
http://poetadaterra.blogspot.com/
Chapecó, 01 de Março de 2010
Nunca julguem o ato sem conhecer o fato
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