O homem a terra respeita ao nascer,
Num ritual em que tudo ignora,
Sem pés, o desconhecido o apavora,
O choro, única marca do caráter.
 
Ganha mãos, conquista boca, vê erguer
Um monopólio do querer, que aflora,
Corpo a prumo, o ego força motora
Do mundo; Deus que nada, um não-ser.
 
E a natureza, nunca silencia,
Sempre sábia, ao ingrato mostra escala.
O corpo soberbo que se erguia
 
Curva-se servil, a vista embaralha,
Somente a impotência reverencia.
Em trevas, nem vê o pó que nos iguala.




 

 

Elias neri
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