Num canto da sala rabisco um poema...
Fala de flores, matizes e cores,
ignora as dores,
realça os amores...
Leveza nos versos,
suavidade no tema...
A televisão enfoca terrível cena...
a morte do filho da Cissa...
a quem à assista
não há quem resista
a imagem da dor...
Desligo a TV,
não há como conter
o que está a ocorrer,
nem como avaliar
uma dor tão doída
que no peito se loca
pra nunca sair.
Fico a imaginar
a perda de um filho
ceifado do seio
do amor, do convívio,
como se vida
fosse um brinquedo
pra se descartar...
E em seu lugar
fica o peito rasgado,
rosto desfigurado,
expressão inefável,
o retrato da dor.
E a imagem se amplia
na tela da vida,
são tantas as Cissas
que engolem esse fel...
Entro em parafuso,
pensamento confuso...
Entre poema e comoção
não sei se apelo
à razão ou à emoção.
Meus versos distorço
e forço a razão
a se sensibilizar,
pois meu coração
solidário à emoção
quer agora chorar.
_Carmen Lúcia_ :(
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