"O sangue de minhas mãos"

 
A antiga falta de bom senso fez com que o caminho que passei fosse nulo, um passado sem lembranças, sem memória, uma vida sem história, alguém assim desatento.
 
Especialista na arte de esmagar sentimentos, louvável até quando um beijo perdurou, um rochedo é o que levo no peito; não pretendo morrer escravo de um mísero lamento.
 
Imaculado nem mesmo em meus mais otimistas desejos, a pureza não canta para minha alma, o assovio se perde no vento, desfaço toda felicidade da casa; sou tormento.
 
Observo a vida, seus tombos, as falas, os sorrisos, acho que meu coração se cansou de buscar por alguém para caminhar juntos na mesma jornada; queria somente acalento.
 
Ultrajantes foram até aqui todos os meus beijos, os meus passos, meus abraços, queria poder lavar minhas mãos e livrar-me desse suplício, matar assim o meu constrangimento.