Réu de um tribunal que não existe
Fosco frente ao brilho de um acusador
Trêmulo em saber que sou inocente e só
Tomado de temor por não saber o que fazer
Acusam-me de pétreo e cético
De cético sim, mas lúcido que isso não é pecado
Jamais pétreo, pois rígida só és comigo oh justiça injusta
Jamais fui duro frente ao amor
Apenas não compactuei com a lascívia desta ingrata
Esta vida bandida e tão somente efêmera
Que me apunhalou ao me fazer tênue
Só por isso fiz o que fiz
Achei que se afastando da mesmice teria paz
Pensei que jamais seria julgado por ser triste
Violei apenas o meu próprio intimo
Como podes ser tão rude assim agora?
Como pode dizer que sou mal?
Quem és para dizer, ser melhor que eu?
Oh justiça se fostes tão justa não seria assim tão deprimente
Não seria vista de forma tão dúbia
Se vais me condenar por desistir do mundo
Pegarei então prisão perpetua
Pois a minha ânsia por amar se tornou lívida
A minha audácia se tornou fugaz
A minha esperança se fez curta
A minha historia se transformou num dilema
As algemas me são colocadas
Adeus,
Quem sabe pena de morte?
Então, adeus!
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