NÃO EXISTE AMOR PERFEITO

08 de maio

ARCO-IRÍS EM PRETO E BRANCO

Quando começamos,

nem pensava sentir amor,

nem pensava sentir carinho,

nem pensava sentir tudo

e hoje...

nem pensava sentir nada.

Quando amei,

vi pássaros e

flores no caminho,

cores tão fortes...

assim como o amor...

forte e

inabalável,

mas não como nós dois...

fracos e

abaláveis.

De certo lhe magoei também,

mas meu bem...

aonde estão as flores,

aonde estão os pássaros,

aonde estão as cores?????

Neste caminho árido,

vejo apenas flores murchas e

os pássaros em seus jazidos...

as cores,

ah as cores...

as cores ainda existem?

Tudo aqui hoje,

não passa de preto e branco,

dor e lágrimas,

noite e...

noite.

Quando você me olha,

existe raiva,

por ora quando lhe vejo,

não enxergo nada,

nada além de

empurrões,

chão e

pontapés.

Isso é amor?

Foi isso que sobrou do que dizia ser amor?

Morte e dor?

Céu nublado,

amor desmantelado?

Meus sonhos,

teus sonhos,

minha vida,

tua vida,

tudo acabado,

embaçado,

amargurado.

E com estas armas fraticidas,

me vejo sentada sozinha

neste arco-íris preto,

neste arco-íris branco,

neste...

ARCO-ÍRIS EM PRETO E BRANCO.

(30/04/05 - 17:50hrs sentada na calçada de uma rua próximo à minha casa)

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07 de maio

SÓ POR HOJE!!!

1...

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3...

4...

5...

6...

Passei um ano,

passei dois anos,

passei três anos,

passei quatro anos,

passei cinco anos,

e entro agora no meu sexto ano lutando e

ganhando.

Seis anos que voltei para a vida,

seis anos que ganhei a vida,

seis anos que estou viva.

Seis anos atrás eu desaparecia à cada medo,

eu morria à cada tormento,

eu destruia minha vida...

morrendo à cada momento.

Cada mentira contada

cada dinheiro roubado,

cada droga usada...

tudo isso me matava.

Num determinado dia,

ouvi meu pai dizer...

"EU VOU TE AJUDAR, NÃO VOU DEIXAR VOCÊ MORRER."

Mas o medo era constante,

as lágrimas viravam pedras encima de um cachimbo qualquer,

e a fumaça me escondia da realidade...

estava morrendo e

não sabia.

Todos sabem os malefícios que as drogas causam,

mas o prazer imediato de fugir dos problemas é mais fácil,

e mais rápido...

mais rápido para os problemas entrarem dentro de um caixão ou

uma vala qualquer.

Minha doença era consumir meus medos e desejos

encima daquele cachimbo ou

baseado bolado às pressas...

Nada me alegrava

senão fazer as tais "correrias" para conseguir mais

e mais drogas,

conseguir mais e mais um pedaço da morte.

Na época,

morrer era ilusão,

minguém morria,

todos curtiam.

Curtiam o quê?

Morrer?

Só por ser.

"VOU TE LEVAR AO MÉDICO"... disse meu pai,

mas alegava não estar doente,

e só no caminho descobri que estava indo visitar uma clínica psiquiátrica.

Mas eu não era louca?

Psiquiatria?

Eu?

Porque?

Porque estava morrendo nas minhas loucuras.

Com a psiquiatra,

Dra. Lucinda R. Trigo,

Clínica Conviver,

dizia que daria a resposta no próxima semana...

e categoricamente ela disse...

"SEMANA QUE VEM VOCÊ PODE MORRER."

Morrer?

Eu?

Porque?

Porque estava me matando nas minhas loucuras.

Então,

já que posso morrer,

resolvi fazer uma festa,

festa de despedida antes de morrer...

Quantas drogas...

quantas mentiras...

quantas mortes...

Resolvi que não iria morrer,

resolvi que iria continuar usando,

morrer eu iria se parasse de usar,

usando eu iria viver...

viver morrendo...

mas ainda assim iria viver...

E no bolso em vez da droga,

encontrei um cartão,

o cartão da Clínica...

algo me disse...

que deveria tentar.

Dia seguinte...

18/12/98...

lá fui eu para a Clínica Conviver,

ainda relutando...

querendo morrer usando...

Me doparam,

vivia dormindo e

gritando...

Minha vontada de usar era explícita

nos meus surtos de nervoso e

histeria.

Dois meses se passaram...

um pouco mais calma,

mas resolvi visitar aqueles tais "velhos amigos",

e lá estavam eles...

com um presente...

duas pedras esperando para vivarem fumaça.

E vivaram...

mas não sabia que naquele dia 02/02/99...

teria minha primeira crise da Síndrome do Pânico e

o coração quase teve um enfarto...

19 anos...

Estava morrendo...

"Pai, SOCORRO..."

e lá estava meu pai me buscando e

levando de volta para a Clínica.

Que vergonha!

Estava morrendo!

Mais alguns dias trancada sem ver a luz do dia,

sem ver meus medos e desejos...

Alta!

Estava curada...

Curada?

Assim eu achava...

Resolvi então,

usar drogas só aos finais de semana...

e lá fui eu nos dois próximos meses...

sábado e domingo...

sexta, sábado e domingo...

quinta, sexta, sábado e domingo...

Até que desapareci,

fugi,

pela primeira vez sumi durante 4 dias...

corria pra lá,

corria pra cá,

tentando me encontrar,

mas na realidade estava à me matar.

07/05/99...

Meu pai me encontrou...

graças à Deus ele me encontrou,

e vendo ele desmaiar,

vomitar,

resolvi...

vou me curar...

Será que iria?

Não,

eu na realidade não queria.

Queria usar até morrer...

já estava morrendo mesmo...

Voltando para a Clínica Conviver...

tudo parecia tranquilo,

até que dia 09/05/99 resolvi fugir...

fugir de uma Clínica quase impossível de fugir...

mas saltei,

saltei da janela,

de uma altura de 8,5 metros do chão...

e na adrenalina me espatifei no chão,

o sangue corria pelo meu rosto,

não dava para abrir os olhos de tanto sangue...

rasguei a testa...

Meu pé...

acho que tinha torcido...

doia um pouco mas

deixava a dor para lá e

vamos lá...

quero usar...

Saindo de um bar,

só sinto alguém me levantar pelo macacão...

era o enfermeiro...

havia me encontrado,

perto do Parque Antártica...

Ah não...

Voltando ao tormento da internação...

O sangue quente ainda corria acelerado e

não existia dor,

até que deitada na cama tive que morder o lençol,

estava tomando pontos da testa,

1,2,3,4,5 e 6 pontos...

mas a anestesia era pouca,

ou eu que estava muito louca de vontade,

meus dois últimos pontos foram à sangue-frio...

Meu Deus...

que dor...

O pé...

não estava realmente torcido...

bailava solto no ar...

solto no meu corpo...

havia quebrado o tornozelo esquerdo...

Leva pro Hospital,

leva pro Hospital...

diziam as enfermeiras...

Lá fui eu,

engessar o pé e

dias após...

operar...

1,2,3,4,5,6... pinos

No hospital,

me amarraram na cama...

gritava,

chorava,

dormia,

acordava e não mais dormia,

tirava o soro...

"PAI, VAI LÁ E BUSCA UM REMÉDIO PARA MIM."

Remédio?

Que remédio?

Eu queria era usar...

Meu Deus...

que sofrimento...

Quando me vi no espelho,

um monstro estava do outro lado,

veias estouradas dentro dos olhos...

não havia o branco do olho...

mas sim o vermelho da morte...

Olhos roxos,

testa costurada e

com o osso frontal da testa amassado...

um pouco mas eu percebo.

Meses deitada...

Será que um dia eu iria me recuperar?

Só Deus para me contar...

Meses numa cadeira de roda...

Meses com muletas...

Até que o pé já se apoiava firme no chão,

assim como também um dia ficaria,

firme na vida.

Esquadrão Vida...

para lá fui transferida.

Clínica de Reabilitação de Dependentes Químicos...

Clínica Evangélica...

"PAI, VOCÊ VAI ME DEIXAR AQUI?

NO MEIO DE PUTAS,

NO MEIO DE EX-CADEIEIRAS,

NO MEIO DE DROGADAS...

QUERO TRABALHAR E ESTUDAR,

VOU PERDER MEU TEMPO FICANDO AQUI.

VOCÊ NÃO ME AMA."

"POR EU TE AMAR É QUE VOU TE DEIXAR AQUI.

VOCÊ SÓ ANDAVA COM QUEM NÃO PRESTAVA E

ESSAS MENINAS ESTÃO QUERENDO MUDAR DE VIDA,

ASSIM COMO QUERO QUE VOCÊ TAMBÉM MUDE...

E VOCÊ NÃO VAI PERDER TEMPO AQUI,

VOCÊ VAI GANHAR TEMPO PARA SE TRATAR,

VOCÊ VAI GANHAR VIDA."

"SÓ COMO TOMATE E PALMITO. ARROZ E FEIJÃO EU NÃO COMO."

"TEMOS, SIM. VOCÊ SÓ IRÁ COMER TOMATE E PALMITO SE QUIZER."

E lá fiquei eu,

09 meses sem contar os 05 passados na Psiquiatria...

1 ano e 02 meses internada...

E se comi tomate e palmito umas duas ou três vezes foi muito,

era arroz e feijão na veia...

e dizendo que passava fome no local,

por passar tanta fome dos meus 32 kilos passei para 98 kilos em meses...

isso porque eu não comia...

Conheci dentro do Esquadrão Vida,

o meu Pastor,

o meu Salvador,

o meu Deus...

E olha que não fácil para Deus me conquistar,

conquistar uma mulher rebelde,

que se comportava como louca,

como doente...

e na realidade conheci a minha doença...

ADICÇÃO...

Assim são chamados os dependentes químicos,

adictos...

Eu era uma adicta,

aliás ainda sou...

Portadora de uma doença progressiva,

incurável,

irreversível e

fatal...

O terapeuta Julio Oviedo me falou,

existe um lugar que lhe ajudará quando sair daqui,

vá conhecer o grupo de Narcóticos Anônimos...

E aos poucos,

fui conhecendo um pouco daquela programação para adictos...

Dr Ivo,

um grande terapeuta que me ensinou aos poucos os 12 passos e 12 tradições da Irmandade,

os passos da vida.

Muito trabalho eu dei,

até outra fuga realizei...

mas eu não queria usar mais,

eu queria voltar para casa...

era horrível sonhar que estava em casa e

aos abrir os olhos quando acordava e

ver as paredes branco encardido do quarto que ficava...

eu chorei muito,

limpando a casa,

carpindo mato,

orando e orando...

O Esquadrão Vida foi ao mesmo tempo

o pior e o melhor lugar para mim.

Pior por ter que ao dormir sacudir a coberta para retirar as fezes dos ratos

que caiam sob a minha cama,

pior por ter uns bicho estranho que caia na minha cabeça quando tomava banho,

pior por ter que ter aprendido à bater para não apanhar,

pior por ter pedir doações de comida no Seasa da cidade de Sorocaba,

pior por ter tido até assassinato na Unidade Masculina

mas nesta época eu não estava mais lá,

nem na época do suicídio numa das Unidades Masculinas também...

Mas foi o melhor que compensou tudo isso e

muito mais,

por ter conhecido a Palavra de Deus,

por Deus ter me livrado da morte,

por Deus ter abençoado minha família com força para me trazer de volta à vida,

por ter feito eu aprender o que eu tinha e o que eu poderia fazer para me ajudar,

por ter me ensinado à conhecer um pouco mais de mim mesma,

por ter me ensinado à amar minha família,

por ter me ajudado à renascer,

por hoje eu ser uma renascida em Cristo.

Narcóticos Anônimos...

como me ajudou também...

nos momentos de solidão,

de medo e receio...

lá eu também encontrei Deus,

eu também encontrei pessoas que tinhas os mesmos medos que eu e

me ajudavam...

Principalmente,

quando estava com 1 ano e 07 meses limpa de todas as drogas,

entrei num surto psicótico,

tendo sensações de ter usado drogas sem tê-lo feito,

até meus pais achavam que havia voltado para os braços da morte...

Não...

eu não tinha...

mas algo de errado acontecia...

Num destes surtos,

60 comprimidos para o coração eu tomei,

o suicídio eu tentei...

e por Deus eu errei...

Hoje,

estou aqui para contar um pouco apenas do que vivi,

do que passei e

do que aprendi.

A vida é extremamente preciosa,

nenhuma droga é capaz de trazer a vida...

apenas a morte...

lenta e voraz...

Hoje,

completo meu sexto ano limpa...

07/05/05...

Comemoro duas vezes meu aniversário...

O dia em que minha mãe me colocou para fora de seu ventre

e o dia em que meu pai me colocou para dentro da vida.

Eu agradeço,

tudo,

absolutamente tudo que vocês...

pai e mãe...

fizeram por mim...

Estou viva e com vida.

Lógico que ainda cometo meus erros e

muitas insanidades cometi...

mas voltar ao uso da morte eu não volto mais,

aprendi que tudo é SÓ POR HOJE...

e SÓ POR HOJE eu não vou morrer,

SÓ POR HOJE eu não uso nunca mais.

Mãe,

obrigado pela paciência quando te pedia para voltar para casa,

obrigado por ter dito que quando saisse da clínica com aqueles meus 98 kilos eu iria para um SPA,

e quando sai ganhei um SPA...

ESPARADRAPO...

Pai,

obrigado pela paciência quando te pedia para voltar para casa,

obrigado por ter dito que me deixaria naquele lugar por me amar e

hoje eu sei,

aliás sei há seis anos,

o quanto você me ama...

pois você pai,

me devolveu a minha vida.

OBRIGADO.

Eu agradeço de coração e alma.

OBRIGADO.

1...

2...

3...

4...

5...

6 ANOS DE MUITO OBRIGADO.

E a Oração da Serenidade

é minha marca,

minha amiga...

"DEUS,

CONCEDA-ME SERENIDADE PARA ACEITAR AS COISAS

QUE NÃO POSSO MODIFICAR.

CORAGEM PARA MODIFICAR AQUELAS QUE EU POSSO E

SABEDORIA PARA RECONHECER A DIFERENÇA."

04 de maio

EU TENTEI

Infelizmente não consegui...

Tentei te dar paz... mas te trouxe guerra.

Tentei te dar tranquilidade... mas te trouxe nervoso.

Tentei te dar as cores... mas te trouxe o escuro.

Tentei te dar carinho... mas te trouxe dor.

Tentei te dar/passar confiança... mas te trouxe medo.

Tentei te dar amor... mas te trouxe ódio.

Tentei te dar felicidade... mas te trouxe tristeza.

Tentei de dar colo... mas te trouxe sofrimento.

Tentei de dar tudo... mas te trouxe nada.

Tentei me dar para você...

mas te trouxe...

SAUDADES DO VELHO AMOR DO VELHO TEMPO

Tenho saudades do velho tempo,

tempo que não volta mais.

Saudades do tempo,

que não conheço.

Saudades do tempo,

que ainda não vivemos.

Saudades de você,

eu sinto.

Sinto saudades do beijo que ainda não demos,

saudades daquele primeiro beijo.

Sinto saudades do seu amor,

amor o qual ainda não existe,

amor o qual fugiu ao tempo.

Saudades de você.

Saudades de dizer...

03 de maio

NÃO EXISTE AMOR PERFEITO.

Caminhei entre as vastas montanhas,

escutei um piano ao longe,

o vento beijava meu rosto molhado e

as lágrimas então selavam minha alma destruída.

Acreditei no amor perfeito,

num conto eterno de amor perfeito,

só depois de muito chorar

é que vim descobrir...

não existe amor perfeito.

Hoje...

hoje resolvi reaver minha vida,

o que antes era e

o que hoje é...

E as lágrimas tornaram a corroer minha carne,

minha alma,

minha vida.

Cheguei à te idolatrar,

era meu amor na terra e Deus no céu,

era lindo,

eterno,

perfeito...

Acreditei no amor perfeito,

num conto eterno de amor perfeito,

só depois de muito chorar

é que vim descobrir...

não existe amor perfeito.

Sua beleza me cativava,

seus olhos brilhantes mais pareciam duas esmeraldas de tão verdes,

tua pele alva e macia,

teu corpo quente me aquecia,

teu toque suave...

tudo se transofrmava,

o feio no belo,

o frio no calor,

o escuro na luz,

a mentira na verdade,

o ódio no amor...

Era tudo tão mágico,

era tudo tão...

perfeito...

Acreditei no amor perfeito,

num conto eterno de amor perfeito,

só depois de muito chorar

é que vim descobrir...

NÃO EXISTE AMOR PERFEITO.

Patricia Latsch
26/07/2005

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NÃO EXISTE AMOR PERFEITO

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