Tenho minha alma turva,
Meu corpo já nem me responde..
Tal como recta que começa sempre em manhosa curva,
Também meu corpo se sacia de tua fome..
Sacio me com teu gosto,
Teu corpo é para mim o mais divino manjar..
Teu corpo nú é me entreposto em minha mesa,
O meu logo o irei também para ti desnudar..
Porque sabes como eu,
Onde nosso apetite nos vai levar..
Para cima da cama levo te eu,
E até ao teu céu me iras tu arrastar..
E como demónio em terreno sagrado,
Tento eu em teu corpo não demorar a me deitar..
Tu sabes como eu que é um pecado,
Mas pecado maior é estar sem te amar..
E amo te num silencio quase mórbido,
Só quebrado por teus excitantes gemidos..
Teu céu outrora gelado se derrete de tão tórrido,
Nossos corpos nunca tiveram tão unidos..
Mordes e arranhas meu corpo,
Na nossa batalha derradeira e final..
Eu me sinto sucumbir como morto,
Mas tu ainda tens muita guerra para mais uma batalha campal..
Meu anjo do céu,
Sinto me a mim esta guerra a perder..
Estou quase a sair debaixo de teu véu,
Mas tuas asas me estão já de novo a prender..
Me tomas em teus braços,
Num voo quase a pique..
Sei que me despedaçarei na queda em pedaços
Mas tu paras minha queda,
Como água turbulenta do rio que é travado por um forte dique..
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