Criei dois escudos,

um pra me defender,

outro pra te combater,

criei dois mundos,

um ao qual odeio,

e outro de puro amor,

e não estou contra ti receio,

mas também não estou a teu favor.


Um passo pra frente,

me deixa mais ao teu lado,

uma palavra indecente,

retorno mudo e calado.


Um gesto de negação,

transformo o resto em solidão.


Toda cena criada,

expressa uma face das mil caras que tenho,

e a cada expressão conquistada,

entrego-te logo a que venho.


Estima-me por não me conhecer,

mas te engana a cada vez que me engana,

e assim não pode me vencer,

não minta que ama,

e não me leve pra cama,

sem ter algo a perder.


Me boto em teu lugar,

a cada sentimento confuso,

a cada gole de magoa,

se me confundo e te faço meu lar,

quebro um de meus escudos,

correndo o risco de depois me torturar.


E deixo num ultimo verso,

a minha verdadeira face,

aquela de dentro pra fora,

que num pequeno retrocesso,

que se esconda ou que fale,

é a mesma face que no escuro chora.

Checheu
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