Vejo o dançarino se movimentar,
Cada passo gravo com os olhos fragmentados pela luz e sombra....
Ao meu redor , percebo só ruídos,
Sinto a maciez de poltronas,
Intercalados com passos deslizantes daquele que observo
Diante de um piso de madeira, seu chão sagrado
Sinto o pulso do dançarino, do homem, da mulher
Pulsos que se confundem com o meu...
Meu olhar se confunde
Ao fitar alguém que cochicha para o outro
Que em vão tenta não confundir seu pensamento com o meu.
E volto meu olhar ao dançarino,
E saboreio o sabor de cada gesto ou rodopio...
E eu pio baixinho, seja pela alegria ou choro do bailarino...
Em pensamento, acompanho sua queda ao chão
Entre seus passos claros e contrastantes
Acompanho-o com minha imaginação, numa noite de feriado barato...
Seus passos tem frases variadas,
Slienciosos ou súbitos
Que se acalmam e se desmancham
Rumo a uma nova sequência...
Ouço o estouro das argolas de cortina
que suporta seu peso , seu corpo se confunde com ela...
a música estoura em seu peito de bailarino
respondendo a favor e contra ela,
com sons de seu corpo energizado pelo movimento
silencioso ou cheio de ruídos vindos de seu “eu” dançante
que com seu corpo eterniza cada instante...
o olhar de outro ser dançante
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