Ele aprendeu olhando as pedras na calçada
e o resto dos 30 cigarros que se acumulavam no cinzeiro.
De tanta tristeza, solidão, rabiscava uns versos,
e convivia com eles como se fossem velhos amigos.
[Soltava a fumaça da garganta
e puxava pela boca.]
Há os que se embriagam,
e acham que a sacada do hotel seja o mictório.
Existem os que já nascem bêbados,
E incorporam líquidos na goela para se tornarem sólidos.
Ele enfiava o dedo no nariz
e bebia cachaça entre os amigos.
Levava coice de um burro alado
e trespassava o dedo na ferida.
Pela úlcera visceral que a dor se tornara,
por entre as sombras que lhe resta,
faltara moradia entre o leito
da força magistral
e um deus feto, filho de seu ventre, iluminava seu rosto,
naquela madrugada fria.
Ricardo Abdala
© Todos os direitos reservados
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