Correr os olhos pra você
Nos meus sonhos
Tão livre de qualquer plano
Tanto sono
Tanto choro inquieto as escuras
Tantas curvas
Tantas dúvidas
Inocentemente imatura
Correndo os olhos pra você
A fim de lhe dizer
Da saudade, da eterna vontade,
Não me deixar calar...
Tanto medo
Tornando-se peso
Em segredo
Em desespero, por fim, emudeço,
Transpareço
Amar-te
Enquanto corria os olhos pra você
E partia sem desejar partir
Deixava-te sem desejar perder-te
Sorria a mágoa de não mais
Avistar sua retina
Falava, na agonia de longe estar do meu lar,
Pra me acalmar e repousar
E noutros risos mais felizes
Recordar-me do teu olhar
E noutras vozes mais coerentes
Reviver os teus gestos
Teu incomensurável encantado gosto,
Teu belo rosto
Meu provável mundo
Teus seios e cabelos
Meu abstrato relato
De num futuro haver nossos retratos
Um grande amor emoldurado
Sob um móvel qualquer
Que contente nos espie
Que entre saudáveis risos
E soluços complacentes
Espalhe a beleza dos nossos beijos
Pela casa inteira
Que até, perceba-nos a lareira,
Em dias frios como este e notando,
Nos acolha
Todavia, o amor do corpo já seja o bastante,
Sendo ambas, simplesmente amantes,
Enquanto o eterno de nossas certezas perdure
E nos favoreça.

Na escola, 22/06/05