Castiga-me teu doce amor
Quando peco em teu regaço
E em tuas entranhas me deleito
De teu peito e toda tua manha.
 
Afaga-me tua fúria causticante
Quando vingo teu braço
Caído em amargo feito
E teu defeito é o aço.
 
Religião e Estado
Pai e mãe do bem e do mal
Nascem Deus e o desgraçado
E o povo, que somos afinal?
 
Esfregam-se com aquela (Religião)
Em busca do seu filho inominado (Deus)
Deleitam-se neste (Estado)
Para fugir do gêmeo rechaçado (Desgraçado).
 
Ainda não sabem mal
Se mau ou bom, qual
Mas tem certeza do bem
De um e do mal que o outro tem.
 
Mas aonde ir?
Mas como chegar?
Pergunto-me para saber
Ou para confirmar?
 
Será bom o filho que quer o bem
Atiçando seus filhos à beira do mal,
Ou será mau o que tudo tem
E castiga o peco fruto da Terra?
 
Quem erra?
Quem acerta?
Como saber se somos
Apenas o que não queremos ser?

 

Pedro Aldair
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