Você me roubou o bater das asas das borboletas e eu achei que nunca mais podia voar
Mas um dia uma menina vestida de sonho me mostrou um mundo colorido que eu já não fazia parte
Só era capaz de ser expectadora que admirava pela fechadura o jardim proibido
Foi então que quis rolar vagarosamente a porta para que ninguém percebesse que eu voltara
Mas tinha me entristecido tanto que desaprendera a sorrir
E minha melancolia fez ressoar o bater das asas das borboletas que se emudeceram ao me ver surgir
Não sabia se voltava e fechava a porta para a esquecer numa noite fria ou voltava a ser uma lagarta que talvez nunca conhecesse o brilho das asas coloridas
Foi então que entre os olhos úmidos de indecisão percebi que já não havia a porta que passei tantos anos a espiar
Sempre estive no jardim do lado das flores e sempre as deixei sem perfume por nunca tê-lo aspirado
Fiquei encantada com a chuva úmida que se salgara nos meus braços com meus soluços
Pude sentir o frescor de dançar ate o anoitecer quando a lua me confortou em seus braços e me embalou na imensidão de sua noite
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