Casa de bonecas

 
A casa que nos amamos com fervor
Esta as traças... como se estivesse vazia e abandonada
Você se espalhou pela casa... que tanto te esperou
E a deixou assim.... tão só
 
As louças que sujamos... estão inertes na pia
Os lençóis que suamos... estão embolados sobre a cama
Entre colchas e travesseiros... ficaram nossas lembranças
A poeira que o vento trouxe... passando pelas poucas janelas  abertas
Agora penetra em minhas narinas
 
A lua que víamos da pequena e ridícula varanda... já se foi
As estrelas que nasceram no nosso arrebol e invisíveis aos meus olhos incapazes
Avistadas pela mente contempladora... esconderam-se
A grama não se foi... não tinha como
Mas, o tapete que voou... virou parte dela
 
Agora a rede balança sozinha.. no vento do quintal
E as nuvens.. não dançam com a brisa
O ventilador escravo do teu calor
Quase não mais funciona... pois só há meu corpo para assoprar
E o raio de sol que cismava em furar o pseudo-blackout da cortina..
Já não esquenta mais a minha pele..
 
As formigas que invadem a casa e os sapatos espalhados
Disputam os espaços... e me fazem tropeçar..
E o peixe... azul e amarelo... que também te esperou
Sente a minha solidão... e o meu esquecimento..
 
A casa em que habitou nossas entregas... doídas e alegres
Ecoam no vazio que há aqui..
As conversas duras e os sorrisos escancarados
Refletem-se nas paredes que às vezes não vejo
O cheiro do nosso desejo e das loucuras
Lateja na minha mente.. tinha um olhar de despedida
Simultâneo à necessidade de ficar...
 
A vontade do beijo proibido
Pela febre eminente e equivocada
Roubou-nos outra forma de contato...
Deixando na boca o gosto amargo da vontade
Amenizado pela lembrança doce de como é quente o encontro de nossos lábios
 
Quebras-te nossa lealdade com o seu silêncio...
E tuas relutantes verdades submergiram entre os sons de nossas músicas...
Eu quis querer.. que você fosse embora
Eu quis querer... que não mais voltasse...
E única coisa que consegui querer
Foi que cada vez mais retornasse.