A
Não podemos esquecer
Dos corpos que jazem sem cemitério
Por saber ser hábito o genocídio
De negros norte-americanos em tempos pretéritos.
B
Não podemos esquecer
Da inerme ordem pacífica
Que vigorava naquela remota província:
Onde, embora se respeitasse as torpes e indignas regras ferinas,
Era muito forte o ódio que na mente dos filhos da tirania
Silentemente fluía.
C
Não podemos esquecer
Das chagas inexoráveis do aparthaid:
O qual até hoje, apesar de oficialmente obliterado,
Continua a mostrar seu gládio nos tribunais
Ao condenar criminosos fabricados.
D
Não podemos esquecer
Do homicídio de pessoas injustamente acusadas,
As quais foram mortas
Por um ardil procedente do medo, da aleivosia, da raiva:
Sim, na socapa de um estupro,
Alegado por uma ariana rameira
Vivendo maritalmente,
Jaz a fórmula para acender a pólvora
Promotora da vaga de hecatombes que destroem a convivência
No mundo, então, comutado em oceano-rio-mar segregantemente
Inclemente.
E
Não podemos esquecer
Do sul estadunidense e dos corpos que jazem sem cova,
Em Housewood, na Flórida.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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