01/11/2006                                                                                                                                                                                                                 22:00
 
Eu ando sozinha na rua, passo por milhões de pessoas e nenhuma delas pode me fazer feliz! Eu observo seus olhares e me apaixono por seus sorrisos... eu roubo os seus jeitos de andar, mas não me aproximo. Eu esbarro em todos vocês, mas não repouso em seus braços... me fascina suas belezas, mas não posso me render.
O caminho é longo, mas sempre tem alguém no final; sempre temos um ponto seguro a nos acolher, um rumo certo, um oásis...
Eu tenho todos vocês e se me perguntassem por que os mando embora eu apenas responderia: "nenhum deles preenche a falta que você faz!"
Isso é desculpa para acalmar a dor e motivar a minha existência. Nada pode suprir o buraco que ficou, mas a lembrança me acolhe na angustia e me suporta na loucura. Não importa quantos hão de chegar, você jamais irá partir e isso me dá força ou talvez só me ilude, mas estou viva ainda.
Estes dias andei pelo meu corpo e nada me faltou por longos instantes, fui louca absurdamente sórdida... quem disse que não gosto?
O que me falta então? Vocês já não podem gritar por mim nem substituir o que uma lembrança deixou. Seus medos te consomem mais que a mim e o muro é alto demais para se pular e gritar por uma liberdade artificial.
Eu olho para o espelho e todos se refletem em mim, mas é você que esta ao meu lado!
Procuro entender onde estive estes dias e por que permiti que entrassem e por que os deixou presentes e ao meu alcance. Você sorri como um anjo que eu nunca vi e vai embora lentamente...
Vai para onde seu corpo repousa e a noite vela seu sono... vai para onde as estrelas testemunham sua dor e a lua envergonhada tenta te enfeitiçar. Essa lua tem um pouco de mim, pois um dia eu também tentei roubar sua atenção em vão e te perdi quando me aproximei.
Há dois anos você se foi do alcance de todos, mas toda noite você vem me dar um doce beijo e isso move a minha vida. Você me diz que devo amá-los e que devo me dar uma nova chance... eu digo que não posso e peço que me espere o tempo que for, pois minha hora chegará e não importa quanto tempo demore ou quantas vidas eu tenha que morrer para estar mais perto de você. Eu morrerei.
Um dia criou-se uma missão e uma força maior diz que precisa ser cumprida. Essa é a lei do amor. Devemos buscar quem nos espera.
E não importa quem nos aguarda, "ele" sempre estará lá para comprovar.
 

Carmen Locatelli
© Todos os direitos reservados