Rasguei minha camisa

E os meus olhos caíram.
Os anjos me negaram ajuda.
E as folhas iam,
A vidraça espatifada.

Os cães uivando,
A lua me fita,
Os cãos uivando,
A vida, grita.

Gritância, gritos e mais gritos,
de socorro, de ajuda, de amparo.
E de longe, os mitos,
os dogmas, os atritos.

Ninguém late, todos mordem
pelas costas, bem no pé,
impedem eles de andarem,
e ainda os faz darem marcha à ré.

O mundo da dramatização,
que aprendemos no cinema.
Papéis para um crocodilo chorão,
Que de bobo não tem nada, que sabe do esquema.

A camisa que me deram,
foi pra fazer propaganda,
E eles disseram,
Sem roupa ninguém anda.

É pecado estar nu,
Mas é pecado ter vergonha,
Nos colocam num labirinto com destino a sul.
E se fortificam no cristal da montanha.

O norte é lugar de vencedor,
onde é preciso lutar muito pra chegar lá.
Neste labirinto retardado, a esperança é só dor.
O chefão, tem o norte na mão já.

Nossas esperanças,
nossas dívidas e fianças,
para com a corrupção e o medo.
E o cansado papai, tem que acordar cedo.

Hoje vou andar despido,
e motrar minha beleza,
Sou humano, não posso demonstrar fraqueza.
Esta é minha natureza.

Não sou cego o bastante,
para apenas atuar.
Quando posso refletir obstante.
Agora sem camisa, quem vai me fazer ralar?

Sou um muro gigante,
longe de perspectiva.
Sou maior que um instante
e sou um imprevisível ilógico em qualquer expectativa.
Sou, amor, errante, sou um dano.
Sou alegria, orgulhoso, curioso. Sou humano.