Na Mangueira ele "nasceu"
- vivaz favela carioca - ,
viveu, cresceu, floresceu,
a dar-se ao samba e em troca
Teve o reconhecimento
das gentes desta Nação,
que viram merecimento
em sua obra-canção.
Ajudante de pedreiro,
provocava mariola
nos colegas de canteiro
com sua velha cartola.
Mas era gente de bem,
compositor respeitado
- nas rodas de samba, cem
mil versos fez -, inspirado
Ao som de sua viola,
tangendo as cordas de aço
- agora sem a cartola -
para espantar o cansaço.
Cansaço da vida dura
de transportar pedra e cal;
só a noite era doçura
a elevar-lhe o astral.
Doçura de Dona Zica,
a musa de seus encantos,
inspiradora da rica
melodia e acalantos.
Certa vez disse pra ela:
meu bem, "as rosas não falam"
e lhe compôs a mais bela
canção em versos que calam.
De ajudante virou Mestre,
mestre nas artes do samba!
que em toda a vida terrestre
soube ser poeta e bamba.
Sua Zica não escamba
(foi seu par perenemente);
dos maiores foi, do samba,
o versista mais luzente.
O mês de agosto contempla a data natalícia de uma das maiores figuras da genuína música brasileira – o samba -, a do compositor popular consagrado nacionalmente como Cartola ou, melhor ainda, Mestre Cartola.
O carioca Angenor de Oliveira nasceu a 11 de agosto de 1908, quinto filho de uma prole de sete irmãos.
Vivo fosse, o genial sambista compositor estaria completando 100 anos de existência. Em sua homenagem apresentamos o poema que vai a seguir, que compusemos por ocasião do transcurso dos 25 anos da morte desse “monstro sagrado” de nossa música nacional, tocado pela saudade de suas belas canções.
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