Poesia da noite

Vi a noite que chegou
e a mim se revelou então
Vi a triste e negra noite
clara do artificial
e vestida da ilusão
Nesta tão formosa noite
vi o brilho e a escuridão
o pequeno e o maioral
dividindo os seus vãos
Nas belas ruas da vaga noite
vi que a lama e o lixo se escondem
nas sombras de algum ninguém
Vi que a dor na noite é mais forte
vi alguém buscando a morte
que na alma ela sempre vem
Nesta noite as luzes acesas
numa tão enganosa beleza
brilham no palco-cidade
que tantos artistas tem
Vi meninos dormindo nas ruas
desta noite fria e nua
sem carinho e sem pão
Também vi na noite um vazio
uma paz de um silêncio sombrio
como a dor da dura solidão
Louca noite da ébria orgia
da paixão, da boemia
de uma triste alegria
que adoece o coração
Oh! Noite de infeliz ventura
mesmo sendo tão escura
uma luz pode brilhar
Nessas ruas e calçadas
uma paz tão desejada
pode vim para alegrar
Vê Jesus a Luz da noite
que dá vida ao cansado
dá amor ao não amado
e ao perdido pode achar