Carta para um amigo

Carta para um amigo

Meu caro, somente posso através destas linhas, em decorrência da distância, contar o que vai em meu peito.

É certo que não o vendo posso descrever minha dor, minha perda e como, agora, estou como um moribundo se recuperando tornando a viver

Bem sabe como busquei na vida estar banhado pela Luz, mas, quanto mais andei e quanto mais corri, mais fiquei perto do nada e, bem sei que o nada veio a se solidificar e a tomar meu corpo como, bem sei, fosse meu destino fazer parte do nada.

Varias foram as noites de prantos intensos, de querer morrer sem que, para tanto, a coragem viesse em meu auxílio muito embora, você bem sabe, sempre cavalguei pela vida ao lado dos bravos e dos justos e, a mesma coragem que me abandonou era, então, minha escudeira.

Tudo perdi como, também, perdi minhas emoções; minhas crenças, e meu sentir tornando-me frio e desatento, não por gosto, mas, para fugir sei lá do que.

Meu querido amigo. O tempo não foi meu aliado e, quando pensei que estava para descansar, que estava para viver, senti meu espírito golpeado pela mão do desconhecido, ceifando desta forma meu passado de meu presente tornando-me, pois, mais sozinho do que estava antes.

Saiba, portanto, que muito embora nem lagrimas me restam ainda conservo a lucidez própria, eu creio, dos homens de bem e, somente isso me resta além de não acreditar no futuro sem temer o presente.

Fica, aqui, portanto o meu abraço uma vez que somente isso me restou, ou seja, dar meu corpo aos que ainda gosto, abraçando-os como eu o abraço. Até um dia.

 

 

 

Patos de Minas

marcio spagnuolo
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