Paraíso Telúrico

 
Rio, meu Rio, das tangas andantes, musas exuberantes e poetas galantes.
Do mar e da mata, da loura, da mulata. Da pele morena que corações arrebata.
 
Rio, meu Rio, um gesto perdoado, um sorriso faceiro, nas praias lotadas. É verão o ano inteiro. É o Sol preguiçoso, que se põe bem mais tarde.
Um ocaso purpúreo, em silêncio profundo, é um universo de reflexos e cores. Um alarde.
 
Rio, meu Rio, divino pecado, o sangue suado do escravo amarrado. O grito de dor que rasga o peito do negro sofrido, cheio de amor.
 
Rio, meu Rio, o encontro de Xangô e Iemanjá, é a imponência do Olimpo a nos abençoar. É a morada dos deuses, paraíso dos mortais, a dádiva dos céus. E o que mais ?
 
Rio, meu Rio, minha derradeira e eterna morada. Rio de Janeiro, cidade amada. Nem Vila Rica, nem a paulicéia, nem Ouro Preto, nem Salvador. Só você Rio de Janeiro, pode inspirar tanto amor.
 
 
                                                                                                                             (12/07/1983)

Alvaro Capistrano
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