Despido de encantos o prata me guia
De nuvens distantes o troar inda ouço,
Reverente monarca do trono me espia
Bramindo desfeito, do peito, arcabouço
 
Balouço, infante andrajo das noites!
Herança segura me estará à espreita
De sobejo chegam, dos anos, açoites
Trôpego legado que ao corpo sujeita.
 
Sol já não aquece, nem resfria o vento,
Encilhados delitos cavalgam meu chão
Noturna revoada conduz o pensamento
Ao leite materno, envolto em perdão.
 
Crepitar das achas deixadas aos tempos,
Dos tempos que tinha o tempo a viver,
Sinfonias e cantos de belos momentos!
Bálsamo bendito a minorar meu sofrer.
 
Resisto, persisto, ainda teimo em ser!
De vagalhão timoneiro, marolas suporta,
Açoite nem vento faz me a vela descer!
Crepúsculo de sonhos aguardo à porta!
 
Despido de prantos, reencontro alegria!
De nuvens distantes, apaixonado motivo
Novo raio de sol entre elas se esguia
Nova aurora me chega. Amo! Ainda vivo!
 
 
Manito O Nato
11/10/2008

Manito O Nato
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