Ao princípio do mundo

Quando eu encontrar as partes partidas, dilaceradas
Eu irei poder contar os cortes e feridas do meu corpo
Mergulharei ao princípio,
Ao princípio do mundo.
Eu quero paz, talvez a paz mais impossível
Mas com tantas guerras santas, ao prazer de matar os irmãos de cristo
Se isso for possível,
Me leve ao princípio,
Ao princípio do mundo.

Estou contando as horas que passei apenas tentando
Tentei entender o porque de tantas doutrinas
Se a vida me domina em minhas próprias conquistas
Então desembrulharei o princípio
O princípio de tudo.
Ao longe vejo apenas uma película de esperança
Tão fina e transparente que quase não a sinto
Mas não quero parecer criança
Falando a ti coisas, e mentindo.

Estou contando os dias para o final dos dias
Se eles realmente vierem estarei sempre atento
Não quero ser pego de surpresa
Pelos desastres da natureza.
Sei que apenas sonho com o instante em que nasci
Talvez seja somente para poder entender o início,
O qual cresceu abatido e surdo
Querendo lembrar de ouvir dizer do princípio do mundo.
Grande seria a minha intenção
Se não fosse assim tão intensa
Se a vida não mais te compensa
Teus erros serão a minha perfeição.

Mais quem diria, no princípio tudo era perfeito
Crime não se via, morte não se falava
Carne não se comia, vida não se matava
Agora que se vem o fim, nada é direito.
(Ao princípio do Mundo)

São apenas metáforas
São apenas minhas risadas
Quero apenas percorrer as estradas
Contanto que estejam alinhadas.

Comprarei o riso ao teu maior pavor
Para que possa entender a minha visão incolor
Completamente desligado de meu próprio instinto
Prometendo-lhe o que for de mais feminino.

Quero correr e esquecer que o mais alto céu é tão baixo
Quero correr e entender porque estamos por debaixo
Se voamos alto ao ponto mais eqüidistante
Que possamos nos cruzar a todo e qualquer instante.

Quero poder entender o que é que estou fazendo aqui
Não sei, apenas faço parte desta putrefação de vida insolente
Que a cada minuto prensa o meu desejo infeliz contra a parede
Somente por que te disse que anseio um fim.

Tudo o que sei é que sempre quisemos fugir
Porque não fizemos nada juntos
Pelo que eu estou tentando fazer você entender
Que irei me perder novamente no princípio
No princípio do mundo.

Caligrafia.


O resto do mundo, que a podridão devore.
Ao colapso moral, decaído, inibido em tua própria consternação
Aprimore também o sistema corroído
Armazenado ao seu próprio mundo de imaginação.

Imagine ser usado, humilhado pela sua degeneração
Ao passo que eu me vejo desolado, consumado a minha integração
Vejo teus dias contados, embriagados de tamanha melancolia
Imagino eu ser o culpado, ou esta minha caligrafia.

Apenas resete o passado inconsumado
O amor desajeitado
O beijo quase molhado
Que carrego ao teu sexo profanado
Pelas situações incertas ao meu lado.

Se, o resto do mundo continua vivendo
Eu não serei capaz de entender o futuro
Não sou o começo ou o fim de quase tudo
Mas gostaria de ser a parte que não se estar morrendo.

Mortas, estão as palavras decaídas em suas atitudes imorais
Imorais são os séculos que aprenderam de você
Fruto da mais pura interrogação e zombaria
Talvez resultante de todas as caligrafias.

Fábio Avanzi
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