A  cor   dar...

Tão insolente raiozinho de sol
a penetrar por minha janela...
A me sondar, me acordar...
Aquecer-me! E eu só quero esquecer!
Adormecer...A dor vencer...

Mal sabe que na noite anterior
procurei por calor...
E ela permaneceu escura, dura...
Noite densa, sem lua...
Esquinas vazias, frias, sombrias...
Breu nas ruas.

Estrelas apagadas, confinadas
a um brilho morto, num céu torvo...
Nem mesmo o sol da meia-noite
que surge feito açoite... ilusão de ótica,
delírio febril, visão utópica,
apareceu...Não se incandesceu...

Mas, insiste o raiozinho,
Aquece-me com carinho...
Sussurra-me de mansinho:
“O céu está tão lindo!”
Encarar a vida é preciso...
Acordar e a cor dar
ao novo dia...
Fazê-lo brilhar!
Resplandecer!
Renascer!

 

(Carmen Lúcia)