Madrugada...

Madrugada fria...
O ar me congela...
Nada me aquece...
Cobertas me guarnecem,
acaloram o meu corpo,
mas de minh’alma se esquecem...

Madrugada vazia...
Os minutos não passam,
as horas se resfriam
e preguiçosamente
empurram os ponteiros
de um relógio cansado,
querendo parar.

Minha solidão aumenta
nessa madrugada fria,
que não quer terminar...
Os cantos do quarto
parecem me olhar...
Desejam me abrigar,
mas, permanecem calados...
Seres inanimados...Coitados(?)

O guarda que apita, lá fora,
que ronda e afronta o passar das horas,
sente o frio na pele, que o impele
a rondar e a vigiar.E o frio na alma?
É o pior que há!
Talvez não o sinta...
Mas, ele está lá...
Me faz ponderar
que não estou só...

Também os anjos da guarda,
apesar da fria madrugada
fazem-me companhia...
Quem sabe me façam poesia!
E a manhã nasça ensolarada...
Clara, iluminando, iluminada...
Fruto da angelical fantasia
De uma madrugada fria e vazia.

Agora minh’alma não mais se arrefece...
Ao crer no amanhã, se aquece e adormece.

 

               (Carmen Lúcia)