Guardo em conchas arroubos do coração
Conchas que trazem os segredos do mar
Embalados em suave canção
Guardo desejos e suspiros em conchas
Penduradas ao meu pescoço
Para que não se desvencilhem de mim
Tantos ais e lamentos fazem alvoroço
Cá dentro onde me vejo assim
Sonho, ilusão
Saudade, coração
Os cuidados com essa vida
Se embebedam nas águas fundas em mim
Se enroscam em rede de mistério sem fim
Talvez um lampejo de transparência
Um toque suave de inocência
Recolho pedaços de mim
Nas conchas calcificadas
O espelho reflete
Uma imagem quebrada
Ilusões petrificadas
Quero encaramujar
Me atirar ao mar
Não posso
Prossegue a jornada
( Úrsula Avner )
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