Conjecturas

Talvez ainda haja amor,
Não pode ter-se acabado,
Algo deve ter restado,
O que é imenso não termina assim...
Quem sabe ainda voltes para mim.

Deixei que te fosses sem ter lutado
Se eu tivesse te implorado
Me descabelado, gritado
Ou até mesmo chorado,
Terias ficado ao meu lado...
Como manter-te impassível
A um clamor apaixonado?

Ou então, se te persuadisse,
Dizendo-te o que nunca disse,
Fazendo o que sempre pediste
Revelando-me mulher fatal
Rendendo-me aos teus assédios,
Mas não...Vali-me de falsa moral!

Se eu tivesse arrancado a roupa
E desnudado meus sentimentos
De desejo ficasse louca
E te abraçasse num lampejo,
De súbito te roubasse um beijo...
Certamente não resistirias
E em meus braços cairias...

Mas não...Vi-te te afastando
E minha voz foi se calando
À medida em que ouvia
Teus passos se distanciando...
Se te chamasse, quem sabe?
Ou se chorasse, me declarasse,
Ou apenas falasse:Te amo!
Mas não! Não fui capaz...
Conjecturas não te trarão,
Jamais!

(Carmen Lúcia)