Poesia e vidas sujas

Poesia e vidas sujas

"À rodo
tudo o que aparenta
rubro sujo
rua sangrenta
poesia não é coisa
só bela
é mofo
um dia você espera
senta no seu banco
na sua cadeira estranha
ou um banco de praça
uma mesa imunda de boteco
alguém se importa?
os passos na rua
de quem vem
as vidas que por aí vão
ninguém nada vê
só anúncios podres na TV

preciso de um porre
daquele vinho um gole
daquele cigarro um trago
pra sentar e olhar
aquele tosco retrato
todo mundo sorrindo
discretamente e amarelo
perceba: não é sincero.

é decadente
cultura
educação
cidade em decadência
onde está nossa indignação?
Não há nessas malditas vidas
sequer um pingo de decencia.

Será que vou enlouquecer?
Ou já o fiz?
E a quanto tempo estou assim?
Mas prefiro mil vezes:
antes louca que contaminada!
Por esse maldito sistema
que não vale nada!"

"Eu acho que para escrever temos que sentir aquilo forte!
Gosto de passar nas palavras alguma coisa, pensamento, lição, uma idéia, uma opinião. E aqui está um pouco da indignação para com a sociedade, o governo. Aqui está o meu protesto! "

São Paulo, um protesto.