Trégua

Demos uma trégua!
Que cessem os tambores de guerra,
Ouçamos acordes de melodias
Entre gritos de dor e almas vazias...
Salvemos os sonhos das noites de orgia,
Que voltem a pulsar sãos de monotonia...
Brindemos, da vida, as doces lembranças,
As que se revelam num sorriso franco,
Ou no olhar fagueiro ao velho realejo
Brincando com a sorte, apontando o norte...
Cacemos palavras inversas em versos
Dos quebra-cabeças da vã filosofia...
Mudemos os fatos... Façamos um pacto com a poesia...
Alcemos nova bandeira, resgatemos suas cores,
Por ora mesclada de branco do lírio e ódio vermelho,
A tremular incrédula entre falsos amores e velhos rancores...
Façamos apologia ao novo dia,
Vibremos de esperança no amanhã...
Calemos nossas dores, sejamos matizes
A colorir de amor novos tempos felizes.
                 Carmen Lúcia