Estranhos...

 
A que ponto chegamos...
Do tudo que fomos
Ao nada que somos...
Dois estranhos...
Onde foi que erramos
E dos sonhos nos dispersamos?
O pouco que restou se desgastou...
O amor se acabou...
Será que um dia nos amamos?
Ou apenas nos enganamos...
Quando a rotina se instala,
O coração se cala...
Camufla-se, finge que fala
E dissimulado se talha...
Os dias fluem iguais...
As mesmices costumeiras,
Traiçoeiras, embusteiras, cruciais...
Das labaredas da paixão
Às cinzas da desilusão...
Da vida em comunhão
À cruel separação...
Serão os atalhos do caminho
Ou ironia do destino
A nos persuadir, confundir, fazer desistir?
E hoje, estranhamente, somos estranhos...
Em que parte paramos,
Permitindo à vida passar?
Por que a vimos passar
E nos esquecemos de amar?
 
(Carmen Lúcia)