Entre todos os que estavam naquele lugar não havia nada que os fizesse sorrir.
Eram rostos tristonhos e caras fechados.
Todos olhavam e para nada sorriam.
Era triste, sombrio.
A melancolia transbordava no ar.
Nada se admirava e tudo permanecia cinza aos olhares de todos.
Apenas um homem que apareceu, sorriu.
Na simpatia do sorriso cristalizante, demonstrou à multidão não ser aquele o único recurso.
Este continuou sorrindo.
Diante de uma multidão infelicitada permaneceu inalterado.
Ninguém entendia o que acontecia.
Assim, todos mantinham o semblante tristonho.
A alegria do homem que sorria era tamanha que começava a contagiar alguns, porém nada mudava; os rostos de todos permaneciam inalcançáveis. A simpatia pelo novo sujeito era grande, parecia demonstrar o que todos insistiam em encobrir.
A alegria surgia, e se diferenciava numa multidão de expectadores melancólicos.
Assim, com a aparição deste ‘novo’ homem tudo ficou compreensível.
A nostalgia estampada em seu rosto demonstrava a vitalidade e a alegria de todos.
Todos então sorriram.
Sorriram ao rosto do homem; nenhum deles esboçou uma reação.
Onde a multidão ‘fracassava’ o semblante daquele homem fortalecia.
Todos estavam, enfim, alegres.
Apenas um homem não.
Aquele que estampava o sorriso.

Prosa

Belo Horizonte-MG

Marcelo Luis
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