Do mais mortal dos homens, escavo-lhe a essência;
Do mais ignorante dos sábios, arranco-lhe os olhos;
Do mais óbvio dos simples, simples ternura, absorvo;
Do mais político dos ditadores, apreendo;
Dentro de ti, ó meu ser falante, eterno e amado;
Odeio a ti agora, sinto-te em real;
E amo a ti profundo.

 

Chego a admitir a proximidade da morte;
a longevidade de onde antes me distrai
se perde, e é lá onde me encontro.
Aprecio aos que distante chegaram;
atravessaram;
se percorreram;
alucinaram;
o caminho tortuoso da essência;
e se calaram
ou os calaram;
porque já não havia mais o que dizer;
se encontraram, enfim;
agora são livros, objetos;
e alienados;
mal-entendidos;
torturados;
enquanto um dia puderam escolher;
escolheram escrever;
pra nada isso lhe valer;
ao menos ou
a não ser;
IMORTAIS acadêmicos baratos.

 

Eu sou um nada;
um zero;
porém pertenço a todos;
e a todos que estiveram com vontade de me escutar
direi-lhes sobre o que é pertencer ao vazio.

Belo Horizonte-MG

Marcelo Luis
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