De improviso vou falar,
Agora darei minha resposta
A quem disse que de tristeza
E de nostalgia não gosta.

Eu sou uma aldeiazinha gelada
Perdida no meio das montanhas.
Sou neve que cai na estrada
Deixando nela forma estranha.

Sou um lago afastado
Cercado de bosques escuros,
Onde um urso marrom
Lança ao longe olhares duros.

Sou uma dolorosa resignação
À vida doce que se traveste de amarga
Na velocidade de um furacão
Ansioso de deixar na terra sua marca.

Sou desejo incontido
De compreender a relação que há
Entre os acontecimentos,
De acompanhar o tempo, nos ventos.

Sou arrepio de susto,
Extase de vitória atingida,
Medo entranhado na carne,
Prazer no sabor da comida.

Tudo isso que sou
Outros mais devem ser.
Tudo isso que em mim tenho
Outros também devem ter.

Yarqon
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