Hoje não versarei de esperança,
nem do sorriso da flor,
nem do perfume da criança;
não morrerei de cantar o amor.
(Esse desconhecido que qualquer dia me aprenda!)
E não me fale você também de esperança,
que ensurdeci, ao azedume das balas,
(Deus que me defenda!)
e insandeci no gemido
do som dos terços, das quinas,
das falas, dos choramingos
de meninos e meninas,
dos dias e dons dos domingos.
(E dos sons de carnificina...)
Eu só quero, hoje, e da poesia,
do verso que faço (devaneio...),
o choro do nó e o grito sem laço,
sem melancolia,
ignorante e feio,
sem rodeio,
com veneno,
(revolta no peito incontida!)
tétrico e assimétrico, pelo espaço,
pelo menos, pelo básico, pelo direito:
o direito à vida!
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