Camponês martirizado
Mora dentro do roçado
Para servir ao patrão
É sempre mau sucedido
É mal visto e esquecido
Ninguem lhe dá atenção
No inverno tem comer
Sem inverno vai sofrer
Dinheiro é coisa estranha
Na frente de emergência
Continua na carência
Não sabe nem quanto ganha
É sofredor não tem luxo
Só arranja para o bucho
Seu lazer é trabalhar
Levanta ao amanhecer o dia
Pra cuidar da vacaria
Pro patrão não lhe expulsar
Se planta não colhe tudo
No algodão o bicudo
Chega cedo e faz morada
Batalha o ano inteiro
Finda sem ganhar dinheiro
E a colheta é quase nada
Em época de eleição
Recebe aperto de mão
Até abraço apertado
Nunca mais vêcandidato
Permanece lá no mato
Sem ajuda e desprezado
Falta roupa e alimento
Seu parceiro é um jumento
Carregando uma carroça
Trabalha pra os filhos seus
Anoite ora pra Deus
Na casinha lá da roça
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