I
Somos feitos da mesma matéria
Que os sonhos, que os seres,
E a vida que corre na artéria
Acaba num sono, acaba dormindo.
Termina dormindo, acaba,
Se acorda de um sonho no sono,
Quem vive, sofre a perda desaba,
Aguarda sua vez no sono, no sonho.
II
O par que anda inquieto
Sentidos, sem cores, sem vida,
Ciúmes corroem qual monstro
São verdes seus olhos
Os seres no palco, na praça
Na platéia mulheres, são olhos na atriz,
Ciúmes qual ponto na peça,
III
Nos jogos da vida o destino
envolvendo os pares, qual carta,
mistura no jogo são naipes divinos
mas os seres, somos nós quem jogamos.
Sim, somente os seres que jogam
qual jogo envolvendo sentidos,
pelo destino os pares até lutam
resultando ao fim prazeres, gemidos.
Se embaralham no jogo
como se embaralham as cartas,
se espalhando ao vento, ao léu
e jazem qual folhas, quando mortas.
IV
Dos prazeres da vida existentes
alguns trazem até a dor ao viver,
penetrando na alma sentimentos
orgulho que atrapalha o ser.
atrapalha a todos os viventes
sentimentos resultando sentidos,
até vejo ao ser orgulhoso
que vem devorar-se a si mesmo.
V
De todo o saber existente
o homem procura suas verdades,
encontrando em papiro vertente,
bondades e mais mil maldades.
No início aprende na história
verdades até lendas em seu viver,
sabendo o que quer ou que pode ver
mas nunca vai saber o que poderá ser.
VI
Os olhos dos seres enxergam
mas muitos não podem sequer ver,
matizes da vida enxergam
viventes interiores ao amanhecer.
Apaixonados, jamais poderão ver
nem na procura de seitas ou credo,
não visualizam as loucuras que cometem,
pois na realidade o amor, ele é cego.
Mas poderoso eu digo é o amor,
que por vezes transforma o homem em animal,
trazendo a todos, felicidades ou a dor,
e em outras, fazendo de um animal um homem.
VII
O homem vale pelo que tem,
nesta vida que vem a conhecer,
valores não valem um vintém,
ele só vale o que pode oferecer.
Quando o ser procura por carinho
encontra onde não poderia crer,
não vê que em seus sonhos o jeitinho
com que o destino dirige o seu viver.
Valores, jeitinho, carinho, viver,
posses, procura, encontro, vintém,
são sonhos do destino alguns se podem ver,
outros não realizados, pertencem a outro alguém.
VIII
Por vezes eu paro
pensamentos insanos
culpando a tudo, o sistema
por percalços tamanhos.
Vivências, retratam realidades
histórias que o ser encaminha
conhecimentos, estudos, verdades,
sentimentos, medo, do infortúnio.
IX
Papel moeda, no infinito sem valor,
Não tendo de alguma ou nenhuma maneira,
De prender ou mesmo manter o calor
Aos seres, sistemas, valores, besteira.
X
E tem o amor, amante, distante,
São seres, são casos, são vidas
Vidas diversas de forma diferente
Quando falsas, sobram mágoas, feridas.
XI
Indecisa tentando o ser
separando, cansada de tudo
procura no reencontro conhecer
reatar novas vidas, no entanto.
Repete a mensagem
revive mentiras, memórias,
amor sem coragem
reencontro, desrespeito, violências.
E tem o outro lado, a calma
que fico pensando,
como encontrar a minha alma,
a irmã, o amor sem comando.
Não consigo um amor
se consigo acredito, eu uso, me usam,
depois logo tudo se acaba temor,
onde estará o outro lado ?
Amor, encontros amantes a dois
famílias que aceitam os seres a união,
despertando amizades que depois
talvez a família assimile outro irmão.
XII
O ser se preocupa, pensamentos,
falando a Deus, no EU, em orações,
pergunta o porque que em momentos
se encontra perdido, ferido em emoções.
Perguntas, perguntas, o porque?
Não sendo de todo ruim,
a vida oferece inimigos talvez,
magias, inimigos,desamores,
sempre a pergunta, o porque?
E tem o seu EU, Suas dúvidas.
Nelson Moreira Santiago
São Gonçalo/RJ ano 2005
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