Pobre Augusto dos Anjos
Dormiu demais nos braços de seus versos
Seu raciocínio era sempre o inverso,
Do que gostariam que fossem, os Arcanjos.
Pobre Augusto, o dominador da ciência literária.
Dominado pela própria ciência, pois que, os vermes da composição
Comeram seus músculos, os ossos, tendões, o coração...
...E, devorado finalmente, pela fome funerária.
Augusto das emoções aos sustos. Augustos
Como você, não houve muitos...
...Frio e calculista até o último segundo,
Com suas palavras cheias de conteúdo.
Conheci-te meio aos versos infernais
Sob o mundo, a perspectiva mais obtusa
Nos ângulos da geometria olcusa
Nos versos que falam das substâncias materiais.
Augusto do esbanjo
Versos, vezes que eu li
Escritos, ali, eu vi
Como se fossem arranjos.
Ah! Poeta!
Tua morte era certa
Porque agora, na rua deserta
Da solidão, um novo século desperta.
Em fase de putrefação total
Sua alma salvou-se do destino que tem o corpo
Ficara este, vazio junto ao sepulcro. E no topo
Disso tudo, chega a consumação fatal.
Augusto, seu corpo foi vendido, pelas
Épocas que te venceram enquanto só dormiste
E comprados pelo ser que mais insiste
Em comer na fome eterna, até o brilho das estrelas.
A. Anjos, suas vísceras e entranhas foram todas
Dadas às bocas dos pequeninos grandes comedores
Daqueles que realizariam seus maiores temores
Que, se já afetava a sua consciência, agora lhe afeta a alma
Ao ver que seu corpo do poeta sumira, meio aos corredores
Em vida imortal, pode talvez não lhe tirar a Calma.
Pois, estás na plenitude de passar por infinitas bodas.
E aqui há de se acabar o ciclo vital
Pois o homem que tende a chorar
Vai chorar, chorar e chorar...
Ao menos você, fez da vida a cada dia
Uma arte grande em sua poesia,
Nos mostrando a magnitude do consumidor final.
Em Memória ao "Deus Verme", de que Augusto dos Anjos tanto nos falava em seus poemas...
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